Bem-Estar Corporativo

Gestão de capital humano nas empresas: conceito e importância

31 de ago. de 2023
Última alteração 22 de jan. de 2024

Em essência, empresas são feitas de pessoas e para pessoas. Quaisquer que sejam os produtos ou serviços comercializados, pode-se dizer que os objetivos são semelhantes: atender às necessidades de alguém. Quanto mais ágil, barata e eficiente for a solução, mais satisfeitos ficarão os clientes. E como conseguir isso? Por meio de talentos excepcionais, qualidades únicas e educação diferenciada, conjunto de atributos aos quais damos o nome de capital humano.

Todavia, um dos principais desafios para os líderes e para o departamento de RH é saber como fazer a gestão adequada do capital humano. Não basta apenas oferecer bons salários, benefícios atraentes ou horários flexíveis. A força de trabalho quer reconhecimento, valorização, investimento em competências existentes e upskilling, é o que mostra pesquisa conduzida pela PwC com mais de 50 mil profissionais ao redor do mundo.

Ao longo deste artigo, você vai entender o que é e como fazer a gestão de capital humano na sua empresa, tornando-a mais eficiente, lucrativa e admirada.

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O que é capital humano?

Capital humano é o conjunto de saberes, experiências, habilidades técnicas e comportamentais que fazem com que cada pessoa seja única e valiosa enquanto colaboradora de uma empresa. O termo foi usado pela primeira vez em 1958, pelo economista polonês Jacob Mincer, em um artigo intitulado Investment in Human Capital and Personal Income Distribution (em tradução livre, Investimento em capital humano e distribuição de renda pessoal). 

Segundo o autor, o capital humano pode ser adquirido por meio dos estudos, da prática diária e até de investimentos na alimentação e na qualidade de vida. Nas palavras de Theodore William Schultz, economista norte-americano que também contribuiu para o desenvolvimento e disseminação do conceito de capital humano, a educação torna as pessoas mais produtivas e os cuidados com a saúde são fundamentais para que elas sigam buscando aprendizado, amadurecimento profissional e desenvolvimento na carreira.

Que aspectos influenciam o valor do capital humano?

Ainda que não seja possível mensurar o valor do capital humano, existem alguns aspectos que influenciam sua qualidade e extensão. São eles:

  • Formação acadêmica: inclui os estudos desde a pré-escola, a convivência com colegas e professores e o modo como o aprendizado é conduzido.
  • Experiência profissional: consiste nas práticas no local de trabalho, oportunidades de crescimento, eventuais transições de carreira, mudanças de emprego (voluntárias ou não) e interações sociais ao longo da trajetória profissional.
  • Soft skills: são as habilidades comportamentais e socioemocionais que facilitam ou dificultam a tomada de decisão, o trabalho em equipe, o autocontrole, a conduta ética ou o relacionamento interpessoal.
  • Hard skills: englobam o aprendizado de competências técnicas que favorecem ou prejudicam a compreensão de normas e regras, a execução de tarefas, a operação de máquinas e equipamentos ou a comunicação em outro idioma.
  • Vivência: são as conexões formadas desde a infância com a família e os amigos, situações positivas ou desagradáveis que possam contribuir para a mudança de hábitos, atitudes ou opiniões.

A gestão de capital humano

A gestão de capital humano (Human Capital Management ou HCM) diz respeito ao acompanhamento de todas as etapas do ciclo de vida do colaborador na empresa. O objetivo é identificar oportunidades de melhoria que possam aumentar a eficiência, a motivação e o engajamento no trabalho. A HCM concentra-se em maximizar o valor do capital humano por meio dos vários processos e ferramentas de RH. Em consequência, a empresa tende a se tornar mais competitiva e diferenciada no mercado.

Quais são os elementos-chave da gestão de capital humano?

A gestão de capital humano envolve inúmeras atividades relacionadas à gestão de pessoas. Dentre as principais, destacamos:

Atração de talentos

Atrair talentos é um processo estratégico e contínuo, cujo objetivo é tornar a organização desejada por profissionais de alto desempenho. Envolve esforços com recrutamento, mas também com o posicionamento da marca empregadora (employer branding) no mercado. A 23ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) revelou que 75% dos recrutadores entrevistados têm dificuldades para contratar profissionais qualificados. A partir do momento que você consegue encontrar a pessoa ideal para uma posição em aberto, enriquecerá o capital humano da empresa com novas habilidades, técnicas e conhecimentos que o futuro colaborador trará consigo. Daí a importância de se dedicar à atração de talentos.

Onboarding

onboarding consiste em todas as ações necessárias para recepcionar e ambientar novos colaboradores à empresa. Isso inclui fornecer apoio, ferramentas e informações para que as pessoas possam desempenhar suas tarefas com tranquilidade e confiança. Estatísticas apontam que quem participa de um programa de onboarding bem estruturado tem 69% mais chances de permanecer na empresa por até 3 anos. Pode-se dizer que a integração é o início de um grande relacionamento, e proporcionar uma experiência positiva e gratificante desde o início evita o turnover prematuro e preserva o capital humano.

Remuneração e benefícios

Uma estratégia de remuneração e benefícios bem planejada e orientada às necessidades e expectativas da força de trabalho pode ser o grande diferencial para atrair talentos e reter profissionais de alto desempenho. O panorama do mercado de trabalho mudou drasticamente após a pandemia de coronavírus em 2020. As pessoas passaram a valorizar benefícios flexíveis e voltados à saúde, ao bem-estar e à qualidade de vida. Já não é suficiente focar apenas no salário para atrair e reter talentos. É preciso pensar em um programa completo de serviços, recompensas imateriais e incentivos financeiros para distanciar a sua empresa da concorrência e desafiar seus atuais colaboradores a buscar o máximo de seu potencial.

Treinamento e desenvolvimento

O treinamento e desenvolvimento (T&D) é o conjunto de iniciativas voltadas à capacitação das equipes, com o objetivo de aprimorar competências técnicas e habilidades comportamentais alinhadas aos objetivos estratégicos do negócio. Em outras palavras, ele visa preparar os colaboradores para desempenhar suas tarefas com mais qualidade e rapidez, assim como assumir cargos de maior responsabilidade em médio e longo prazo.

Um levantamento feito pela Gartner apontou que o planejamento da carreira e a employee experience (experiência do colaborador) estão entre as 5 prioridades importantes para 47% dos líderes de RH. Nesse sentido, podemos dizer que empresas que investem em treinamento e desenvolvimento de pessoas fortalecem seu capital humano e são mais competitivas e preparadas para quaisquer mudanças nos cenários político, econômico, social ou tecnológico.

Gestão de desempenho

Fazer a gestão de desempenho significa acompanhar o progresso das pessoas ao longo de sua trajetória na empresa e adotar medidas para incrementar sua performance. Por meio de um plano de desenvolvimento individual (PDI), gerentes e líderes de RH conseguem mapear as habilidades e competências que precisam ser aprendidas ou aprimoradas, e traçar os caminhos para que o colaborador se concentre em seus objetivos de carreira. Conduzir avaliações de desempenho periódicas e fornecer feedback construtivo é fundamental para manter as equipes motivadas e cientes dos aspectos que devem ser revistos.

Mas não basta apenas tecer elogios ou destacar os pontos de melhoria. É preciso recompensar os esforços para o alcance dos resultados. Ainda de acordo com a pesquisa da PwC, grande parte dos participantes gostaria de trabalhar para uma organização que contribui de forma significativa para a sociedade, ou seja, as pessoas querem enxergar propósito naquilo que fazem. Portanto, uma política de reconhecimento profissional serve para mostrar aos colaboradores que eles estão no caminho certo e que a empresa valoriza a sua dedicação.

Retenção de talentos

Uma pesquisa feita pela Robert Half, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), mostrou que a rotatividade de pessoal, que já era um problema antes da crise sanitária em 2020, se tornou ainda pior. A representatividade dos desligamentos voluntários no total de demissões aumentou de 33% em 2020 para 48% em 2021, o que conferiu ao Brasil o título de país com o maior índice de turnover do mundo.

Quando alguém vai embora, leva consigo aprendizado, background acadêmico e vivência prática, isto é, seu capital humano. Adotar uma estratégia de retenção de colaboradores consistente não apenas ajuda você a evitar gastos com recrutamento, treinamento ou recuperação da imagem institucional, mas também impede que a empresa perca produtividade, conhecimento e experiência.

Qual é a importância da gestão de capital humano nas organizações?

Você já deve ter percebido alguns dos pontos positivos de fazer a gestão de capital humano na sua empresa, mas vale reforçar as principais vantagens de adotar um processo de HCM estruturado:

  • Melhora da motivação e da satisfação no trabalho;
  • Aumento na produtividade e na qualidade das entregas;
  • Estímulo à autonomia, à criatividade e à inovação;
  • Desenvolvimento espontâneo e gradativo das competências de liderança;
  • Diminuição da predisposição em deixar a empresa;
  • Alto comprometimento para cumprir metas e alcançar resultados;
  • Maior alinhamento de expectativas entre líderes e equipes;
  • Facilidade na identificação de necessidades de treinamento e capacitação;
  • Redução nos custos com novas contratações;
  • Criação de uma cultura de colaboração, em que as pessoas se sintam valorizadas e apreciadas;
  • Promoção da saúde, da qualidade de vida e do bem-estar no trabalho.

Qual é o papel do RH na gestão de capital humano?

Como corresponsável pelos colaboradores da empresa, o RH tem papel significativo na gestão de capital humano. Dentre as ações para desenvolver talentos e competências individuais, destacamos:

  • Promover a educação corporativa: por meio de técnicas como o microlearning, a gamificação ou a realidade virtual, você possibilita o acesso fácil, lúdico, moderno e interessante aos principais conceitos e tendências do mundo dos negócios. O aprendizado torna-se um hábito e as pessoas sentem que a empresa está investindo em seu crescimento profissional.
  • Incentivar a diversidade e inclusão: ideias criativas e soluções inovadoras têm muito mais chances de despontar em um ambiente heterogêneo. Incentivar a diversidade e a inclusão representa muito mais que atender a reinvindicações da sociedade; significa mostrar que a sua empresa respeita e valoriza as diferenças e encara as particularidades de cada pessoa como ganho em conhecimento e experiências únicas.
  • Capacitar as lideranças: pessoas que ocupam cargos de gestão na hierarquia organizacional também precisam ser incluídas em seu programa de treinamento. Uma liderança tóxica é capaz de pôr fim em todos os seus esforços para preservar e fortalecer o capital humano. Uma concepção popular no meio corporativo diz que “colaboradores não deixam as empresas e sim seus chefes”.
  • Definir e acompanhar métricas de compliance: o compliance no RH diz respeito ao cumprimento da legislação trabalhista e demais normas e políticas relativas à prevenção de fraudes, proteção de dados pessoais, corrupção, discriminação ou assédio. Um ambiente de trabalho psicologicamente seguro e saudável favorece a criatividade, o bem-estar, as interações sociais e a satisfação geral com a empresa.
  • Conduzir pesquisas internas: medir, entender e adotar ações para melhorar a motivação, o engajamento e a produtividade evita que os colaboradores pensem em deixar a empresa, pois percebem que existe a preocupação com seu crescimento e sucesso. A pesquisa de clima organizacional é um instrumento poderoso e amplamente utilizado para entender percepções, sentimentos e anseios com relação às lideranças, à remuneração, à cultura e ao futuro do negócio.
  • Monitorar o ciclo de vida do colaborador: acompanhar a jornada de alguém enquanto colaborador de uma empresa, da admissão até o offboarding, permite que você proporcione a melhor experiência possível a essa pessoa. Em troca, ela contribuirá para os resultados e, mesmo que decida sair, continuará sendo promotora da marca.

Como melhorar a gestão de capital humano na empresa?

Além das ações citadas acima, é possível melhorar ainda mais a gestão de capital humano na sua empresa por meio de iniciativas voltadas à saúde e à qualidade de vida das pessoas.

Um exemplo é a concessão de folgas remuneradas para que os colaboradores possam cuidar de imprevistos em casa, participar de reuniões na escola das crianças ou ir a uma consulta médica. Estabelecer jornadas ou horários flexíveis também permite que as pessoas tenham mais tempo para se dedicar à família, aos estudos ou às tarefas domésticas.

Por fim, mas não menos importante, instituir um programa de benefícios completo, que contemple o acesso a academias, sessões de meditação, aulas de yoga e práticas integrativas e complementares de saúde melhora a disposição física e mental, aumenta a motivação e a colaboração entre as equipes e ajuda a reduzir o estresse. Para saber mais sobre como implementar um programa de bem-estar efetivo e valorizar o capital humano na sua empresa, converse com um especialista do Wellhub hoje mesmo.

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Wellhub Editorial Team

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