Bem-Estar Corporativo

O papel do desenvolvimento de liderança na gestão de pessoas

17 de ago. de 2023
Última alteração 17 de out. de 2023

Você sabia que a perspectiva de avançar na carreira é determinante para a atração e a retenção de talentos? Depois do salário, a possibilidade de se desenvolver e evoluir profissionalmente é o segundo principal fator de motivação para decidir trabalhar em uma empresa - ou trocar de emprego.

Mas não basta colocar as pessoas em posição de liderança sem um bom preparo. Um estudo internacional aponta que as atitudes dos líderes têm impacto na saúde mental de 69% das pessoas em sua equipe. Então, é interessante contar com um plano de desenvolvimento de liderança (PDL) para garantir que esse impacto seja positivo.

Em parte, isso explica por que as empresas estão adotando PDLs mais centrados nas relações interpessoais e no bem-estar dos colaboradores. Assim, além de aprimorar as habilidades e comportamentos de quem vai assumir o papel de líder, é possível estabelecer uma conexão mais estreita com as necessidades individuais na gestão de pessoas.

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O que significa desenvolvimento de liderança?

Na área de Recursos Humanos, desenvolvimento de liderança é um processo de preparação de profissionais para formar líderes e potencializar a eficiência de quem ocupa posições de liderança. Isso envolve um conjunto de atividades voltadas a aprimorar certas habilidades comportamentais dessas pessoas para que elas possam exercer uma influência positiva e inspiradora para a equipe.

Nem sempre as competências técnicas se traduzem em capacidade de liderar ou são suficientes para motivar o engajamento e a busca por excelência. Além disso, pessoas mal preparadas para cargos de liderança podem afetar a saúde mental dos colaboradores, gerando estresse e ansiedade em 4 a cada 10 profissionais. Por isso, é interessante que o RH identifique futuros líderes e crie oportunidades de desenvolvimento de liderança para quem chega ao nível gerencial.

Qual é o papel da liderança nas empresas modernas?

Para que as estratégias de liderança realmente funcionem, elas precisam se encaixar no contexto atual do mercado de trabalho, com as novas tendências em Recursos Humanos em perspectiva. Com isso, o estilo de liderança autoritária e controladora vem perdendo espaço para um modelo mais voltado às relações de cooperação, confiança e autonomia das pessoas.

O universo corporativo tem passado por transformações estruturais (aceleradas pela pandemia) que demandam melhorias nas conexões humanas e nas estratégias para promover o bem-estar dos colaboradores. Agora, o foco está em como os líderes podem influenciar a qualidade de vida dos membros de sua equipe com um reforço de habilidades como:

  • autoconhecimento e inteligência emocional;
  • capacidade de compartilhar sua visão com clareza;
  • resolução de problemas de forma empática;
  • apoio e acolhimento de diferentes experiências;
  • tomada de decisões com base em métricas e estratégias;
  • gestão de mudanças e etapas para conquista de resultados;
  • influência pelo exemplo e orientação, em vez de atitudes de comando e controle.

A ideia é colocar as pessoas em primeiro lugar, com uma visão holística dos fatores que motivam os colaboradores a se envolver plenamente em suas funções e buscar o sucesso em alinhamento aos objetivos da empresa.

Benefícios do desenvolvimento de lideranças

A situação atual do mercado de trabalho desafia as empresas a dar mais importância ao desenvolvimento de líderes. Uma posição clara sobre as possibilidades de progressão na carreira ajuda a conquistar os melhores talentos e reduzir os índices de turnover. Afinal, a expectativa de evolução pessoal e profissional é um dos fatores decisivos para atrair e manter pessoas bem qualificadas no quadro de colaboradores (sem perder esses profissionais para a concorrência).

Investir em desenvolvimento de lideranças também é uma forma de reforçar a reputação da empresa, demonstrando o seu compromisso em atender às expectativas de uma gama mais ampla de colaboradores e formar líderes com um propósito mais abrangente do que os lucros, sem estressar suas equipes na busca por resultados inatingíveis.

Quais são os principais tipos de liderança?

A mentalidade atual sobre o papel dos líderes é bastante clara, mas cada empresa pode concentrar o seu programa de desenvolvimento de liderança no perfil que melhor se adapta à sua visão de valor, cultura organizacional, modelo de trabalho, estrutura e ramo de atividade. Estes são alguns exemplos de como os estilos de liderança são classificados:

  • Liderança autocrática: é tradicional, centralizadora, geralmente baseada em padrões pré-estabelecidos e nos antigos papéis de “chefe” e “subordinados” — que não têm abertura para questionar as decisões ou os procedimentos definidos.
  • Liderança democrática: é um modelo mais moderno, com espaço para discussão sobre os projetos e envolvimento dos colaboradores na tomada de decisões. Esse é um tipo de liderança com foco na gestão de pessoas, buscando aumentar a motivação da equipe.
  • Liderança liberal: esse é um tipo de liderança com base no exemplo, no direcionamento de capacidades e em altos níveis de confiança na equipe. Costuma ser adotado em esquemas de trabalho flexível, incentivando a autogestão e responsabilidade de cada profissional.
  • Liderança operacional ou técnica: focada em expertise e na alta qualidade profissional em uma área específica, com líderes que compartilham conhecimentos, explicações e técnicas, mantendo a equipe atualizada sobre as melhores práticas do segmento.
  • Liderança carismática: esse é um papel para líderes influentes, com personalidade marcante, capazes de transformar colaboradores em aliados.
  • Liderança situacional: segue um conceito de variação do estilo de liderança de acordo com os desafios que a empresa deve enfrentar, com a capacidade de envolver a equipe e manter o otimismo em circunstâncias adversas.
  • Liderança estilo coaching: com técnicas similares aos processos de coaching, para fazer com que os colaboradores se sintam empoderados e incentivar a equipe a aderir às estratégias propostas para alcançar um objetivo comum.

Essas são as nomenclaturas mais clássicas para os perfis de liderança, mas também há perfis que combinam algumas das características mencionadas acima e se alinham a papéis mais atuais, como liderança empreendedora, liderança transformadora e liderança humanizada ou servidora (com foco em bem-estar e employee experience).

Quais são os pilares do desenvolvimento de liderança?

Tendo como base o papel de líder centrado em proporcionar experiências positivas e personalizadas para os colaboradores, estes são os elementos de sustentação para um programa de desenvolvimento de liderança:

Aperfeiçoamento pessoal

O caminho para se tornar líder ou reforçar uma identidade de liderança também é uma jornada de autoconhecimento. É importante ter humildade e admitir erros e pontos vulneráveis para que seja possível cultivar os melhores traços de personalidade, já que o caráter é algo que transparece nas atitudes e interações com a equipe.

Foco nas pessoas

A liderança centrada nas pessoas está alinhada às tendências atuais e depende muito de como os líderes entendem as necessidades dos colaboradores e sabem reconhecer o trabalho da equipe. Para isso, é importante fomentar um clima de confiança e respeito, abrindo espaço para que os colaboradores se expressem sem temer o descaso ou os pré-julgamentos.

Comunicação proativa

Além de realmente ouvir e se importar com a equipe, quem é líder precisa manter seus colaboradores informados e se comunicar com eficiência. O ideal é compartilhar uma visão simples, clara e convincente sobre as práticas recomendadas para o bom andamento do trabalho. Isso é mais inspirador do que a pressão por resultados, além de estimular o engajamento do time.

Empoderamento

É importante cultivar as capacidades de delegar, confiar e desenvolver a capacidade de autossuficiência dos colaboradores, apoiando essas pessoas com uma atitude de parceria e interesse genuíno em sua evolução profissional. Ou seja, isso é o contrário de deixar a equipe à própria sorte ou intervir no trabalho para fazer as coisas “do jeito certo”.

Mentalidade sistêmica

Com a capacidade de observação geral e minuciosa, fica mais fácil entender o encadeamento dos processos e calcular o impacto das estratégias. Hoje em dia, isso também envolve uma visão holística do bem-estar no trabalho e a análise de dados relacionados à gestão de pessoas.

Antever necessidades

As habilidades de organização são essenciais para o desenvolvimento de liderança e isso envolve um planejamento mais atento e plural. Para isso, é preciso considerar diferentes perspectivas, prever potenciais desafios ou problemas e identificar oportunidades que possam ser benéficas para a equipe.

Autoridade moral

A percepção de que uma pessoa tem autoridade como líder não depende de uma posição hierárquica, e sim de sua capacidade de inspirar, incentivar, orientar, transformar e aprimorar. Bons líderes geram valor para as pessoas e para a empresa. E são reconhecidos por isso.

Quais são os maiores desafios na liderança de equipes?

O desenvolvimento de lideranças é citado entre os principais desafios para as empresas no relatório de tendências em Recursos Humanos da Great Place to Work para 2023. Sob maior impacto da pandemia, os dados da edição anterior desse levantamento revelam que 39,8% dos profissionais da área sentiam dificuldade em desenvolver liderança.

A comunidade de RH aponta as seguintes situações desafiadoras:

  • adaptação a mudanças, por exemplo, para manter os colaboradores engajados e a coesão do trabalho na transição para o modelo remoto ou híbrido;
  • criação e manutenção de um ambiente de trabalho psicologicamente saudável, com a consciência de que as ações e as atitudes das lideranças afetam a saúde mental da equipe;
  • tomada de decisões difíceis, que podem envolver a demissão de colaboradores;
  • resolução de conflitos e dificuldades de relacionamento com colaboradores de forma acolhedora, dentro dos princípios éticos;
  • autodescoberta e modulação da personalidade para reforçar pontos positivos e lidar melhor com aspectos ou crenças limitantes;
  • gestão do tempo e da corresponsabilidade ao delegar tarefas;
  • prevenção e enfrentamento do burnout com empatia;
  • comunicação eficaz em momentos de crise, com o compartilhamento de informações para não gerar mais ansiedade na equipe.

Como montar um plano de desenvolvimento de liderança (PDL)?

As empresas podem investir na implementação de um PDL elaborado pela própria equipe de Recursos Humanos ou terceirizar esse serviço, buscando um alinhamento às demais estratégias de RH. Estas são as etapas mais comuns na criação de um plano de desenvolvimento de liderança:

  1. Mapeamento estratégico: para criar um PDL eficiente, é importante levar em consideração a cultura da empresa, as metas que podem ser alcançadas com o reforço das estratégias de gestão de pessoas, em que bases os resultados serão mensurados e qual o tipo de liderança ideal para a conquista do objetivo do PDL a médio e longo prazo.
  2. Definição do PDL: depois de mapear o caminho e a abordagem ideal para o plano de desenvolvimento de liderança, é hora de definir quais habilidades e comportamentos devem ser reforçados e que tipo de avaliação será feita para mensurar o sucesso dessa iniciativa. Se houver necessidades específicas para algum departamento da empresa, é possível setorizar esse programa de um modo que atenda melhor a cada demanda.
  3. Seleção de talentos: a ideia é identificar colaboradores com perfil e/ou interesse em cargos de gestão, além de líderes que podem ter um desempenho melhor ao desenvolver uma mentalidade de liderança alinhada às expectativas da empresa. Nessa etapa, é interessante que o RH faça reuniões individuais e abra espaço para ouvir as ideias de quem estiver cotado para participar do programa.
  4. Programa piloto: vale a pena fazer uma implementação inicial do PDL em um setor ou grupo de testes. É essencial haver o máximo de transparência com as pessoas selecionadas, para que elas entendam claramente o que esse processo envolve, qual sua importância para a empresa e o que será avaliado ao final do programa.
  5. Avaliação dos resultados: além de acompanhar mais de perto a experiência do primeiro plano de desenvolvimento de liderança da empresa, é bom fazer uma avaliação 360º do processo e, eventualmente, fazer alterações estruturais antes de implementá-lo de forma mais ampla.

Em resumo, é o PDL que deve se encaixar na estratégia do RH e não o contrário. Um programa para desenvolvimento de liderança pode ser fantástico para a empresa e os colaboradores envolvidos, mas não é uma fórmula mágica e nem funciona da mesma maneira em contextos e momentos diferentes.

A influência da liderança no bem-estar dos colaboradores

Um novo modelo de desenvolvimento de liderança também pode significar um novo impulso nos negócios, além de fazer diferença nas estratégias para atração dos melhores talentos e redução da rotatividade de pessoal. Afinal, isso permite que as empresas atendam às necessidades e expectativas de seus colaboradores de uma forma mais ampla, plural e eficaz.

Líderes bem preparados têm uma influência positiva e transformadora na gestão de pessoas, fortalecendo a cultura da empresa e promovendo mais agilidade, eficiência, engajamento, produtividade e satisfação no trabalho. E o seu RH ainda pode alavancar esses resultados com uma oferta de benefícios flexíveis e personalizáveis para os cuidados com a saúde física e mental de sua equipe. Para saber mais sobre essa solução, fale com a equipe de bem-estar do Wellhub.

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Referências


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Wellhub Editorial Team

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