Como o viés inconsciente afeta o ambiente de trabalho?

13 de nov. de 2023
Última alteração 13 de nov. de 2023

A Pesquisa Global de Cultura Organizacional 2021 realizada pela PwC mostrou que 67% dos respondentes acreditam que a cultura é mais importante que a própria estratégia da empresa ou suas operações. Os participantes também concordam que é preciso investir em melhores práticas de atração e retenção de talentos, na concessão de benefícios voltados à saúde dos colaboradores e em sua segurança. 

Os dados do estudo também apontaram uma lacuna crescente entre a percepção das lideranças e o que as pessoas realmente vivenciam no dia a dia, sobretudo com relação às iniciativas para promover a diversidade, equidade e inclusão (DEI).

Parte dessas discrepâncias se deve aos nossos vieses inconscientes, ou seja, ideias preconcebidas que podem afetar nossa forma de agir e pensar. Partindo da premissa que a diversidade e a inclusão no local de trabalho trazem vantagens para as empresas, compreender o conceito e os principais tipos de viés inconsciente permite que você aja sem juízo de valor e evite a interferência de tais atalhos mentais em suas escolhas profissionais.

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O que é viés inconsciente?

A palavra viés significa tendência. Vieses inconscientes são padrões de comportamento e pensamento que adquirimos ao longo da vida. Têm como base as influências recebidas diariamente, por intermédio da família, dos amigos, da escola, do trabalho ou dos meios de comunicação.

Essas referências moldam nosso julgamento e nossa maneira de agir, pois nosso cérebro foi incorporando tais crenças e estereótipos com o passar dos anos, sem que nos déssemos conta. A consequência são ações automatizadas, muitas vezes preconceituosas e arbitrárias, que podem afetar nossos relacionamentos profissionais e prejudicar a saúde organizacional.

O psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel em economia Daniel Kahneman afirma que as pessoas tomam decisões de duas maneiras distintas: uma rápida, intuitiva e emocional, e a outra lenta, deliberativa e lógica. Dada a dinâmica do mundo moderno, o modo ágil e instintivo prevalece, e com ele, os vieses sistemáticos que nos levam a cometer erros e a adotar atitudes negativas em diversas esferas da vida.

Exemplos de viés inconsciente

Existem vieses inconscientes que, se não controlados, podem desestabilizar a dinâmica nas relações de trabalho. Alguns deles são:

  1. Viés de confirmação

O viés de confirmação – também denominado identidade prêt-à-porter (pronta para usar) – é a tendência a ter uma solução pré-concebida para determinado problema, sem sequer analisar dados ou informações adicionais para chegar à conclusão. As crenças preexistentes servem de argumento para sustentar uma hipótese, em detrimento da pesquisa isenta e aprofundada. 

Por exemplo, durante um processo seletivo, você pode formar uma opinião ao ler um currículo e direcionar as perguntas da entrevista para que as respostas comprovem sua tese inicial. Para evitar esse viés de confirmação, é recomendado elaborar questões padronizadas e dar oportunidades justas para que os candidatos tenham a chance de se destacar.

  1. Viés de afinidade

O viés de afinidade (ou viés de similaridade) é a predisposição de nos relacionarmos com pessoas que compartilham interesses e valores semelhantes, uma vez que isso gera uma sensação de conforto, mesmo que, às vezes, possa ser falsa.

Quando os responsáveis pelo recrutamento e seleção se deparam com candidatos bastante parecidos aos demais colaboradores do time, desperdiçam a chance de tornar o local de trabalho mais heterogêneo. As similaridades não devem ser motivo para eliminar um candidato, nem tampouco podem ser o fator decisivo para contratá-lo.

  1. Discriminação em função da idade

Também conhecida por etarismo (ou idadismo), a discriminação em função da idade acontece quando há a rejeição de ideias e atitudes vindas de pessoas jovens ou, sobretudo, muito mais velhas. 70% das empresas contrataram muito pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos recentemente, mostrando como esse tipo de preconceito está arraigado em nossa sociedade.

Cabe às lideranças e ao departamento de Recursos Humanos incorporar algumas boas práticas para viabilizar a diversidade geracional na empresa, como:

  • revisar anúncios de vagas, evitando limitar a faixa etária
  • ampliar os canais de divulgação de oportunidades para englobar um público maior
  • conduzir entrevistas objetivas, com foco nos requisitos para o cargo

  1. Efeito halo

Efeito halo é um termo cunhado pelo psicólogo norte-americano Edward Lee Thorndike e usado para as situações em que criamos uma primeira impressão das pessoas sob uma única ótica ou levando em consideração algumas poucas características, em geral, positivas.

Diante de uma pilha de currículos, é natural você procurar por algo único, que diferencie alguém dos demais candidatos, facilitando o seu processo decisório. Mas nem sempre a formação em uma universidade de renome ou a passagem por grandes corporações são sinônimos de produtividade e engajamento no trabalho. É interessante avaliar o conhecimento e a experiência de quem não teve tantos privilégios para respaldar a sua escolha.

  1. Preconceito de gênero

O preconceito de gênero (ou sexismo) é o favorecimento de um gênero em detrimento de outro. O tratamento especial dado aos homens não é nenhuma novidade: eles ocupam a maioria dos cargos executivos e têm salário até 22% superior ao das mulheres.

Para combater essas disparidades no momento da contratação e valorizar as mulheres no ambiente de trabalho, você pode:

  • definir o perfil ideal levando em consideração somente a experiência e as habilidades necessárias para a função
  • fazer a triagem de currículos mantendo o gênero no anonimato
  • comparar candidatos com base em competências e conquistas anteriores

Como sua empresa pode ajudar a minimizar os efeitos nocivos dos vieses inconscientes

Julgamentos automáticos podem prejudicar as relações no ambiente de trabalho. Algumas das consequências podem ser a desmotivação, a baixa produtividade e até a demissão voluntária. Os vieses inconscientes depreciam uma cultura amparada na diversidade, na justiça, na criatividade e na inovação.

84% dos profissionais dizem que o seu bem-estar emocional encontra-se em nível razoável. Isso sugere que conflitos no trabalho, a sobrecarga de atividades ou a convivência com uma liderança tóxica podem abalar a saúde mental das equipes.

Disseminar a linguagem inclusiva e treinar a força de trabalho sobre a inutilidade dos estereótipos são algumas estratégias que ajudam a minimizar os efeitos nocivos dos vieses inconscientes. Você também pode estabelecer metas de inclusão e equidade e apoiar as pessoas em suas necessidades de saúde de forma integral. Nesse último caso, o Gympass pode te ajudar. Fale com um de nossos especialistas em bem-estar para saber mais.

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Referências


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Gympass Editorial Team

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